domingo, 29 de abril de 2012

Quanto é razoável que demore a Missa? (1)


No um post de anteontem O horário de Missas que é um sonho de consumo, mencionei uma paróquia com Missas de meia em meia hora nos dias de semana. Um leitor indagou nos comentários "é correto, liturgicamente falando, haver missa que dure apenas meia hora? Não é um tempo curto demais?"

Abrindo parênteses: qualquer blogueiro acha fantástico que comentem os posts. Fico com certa inveja quando entro em blogs repletos de comentários e no meu só um punhadinho. Fica aqui lançada a campanha faça um blogueiro feliz: comentem os posts à vontade! 

Volto ao tema. Minha tia-avó de mais de 90 anos até pouco tempo atrás assistia Missa todo dia! Imagino que ela acharia ótimo uma Missa diária de uma hora (ou até mais). 

Se um cidadão entra todo dia um minuto numa igreja para rezar quando está a caminho do trabalho, já está fazendo uma coisa muito boa. Se ele se propõe a fazer mais, assistindo Missa alguns dias durante a semana, de manhãzinha ou na hora do almoço, uma celebração de uma hora provavelmente seria inviável. 

Já assisti várias Missas dominicais, celebradas normalmente, de 40 minutos. As Missas de dia de semana já são mais curtas e, se não têm sermão ou cânticos (o que é permitido e normal), podem durar uns 20 ou 25 minutos. Se uma paróquia oferece cerimônias mais breves para atender quem tem menos tempo disponível, acho ótimo. 

Minha impressão, de modo geral, é que as cerimônias tendem a ser arrastadas e desnecessariamente longas. Quem vai à Missa no domingo às 7 ou 8h da noite, por exemplo, já está cansado, e talvez fazendo um sacrifício para cumprir o preceito. Uma cerimônia de 1 hora e 15 minutos seria um exagero. 

Esse assunto está nos levando longe. Continuarei em outro post!

Guerra cultural em curso


Na última edição de semanário inglês The Catholic Herald, cinco notícias (!!!) davam uma noção da guerra cultural que se aproxima.

No Brasil não a situação não atingiu esse ponto, mas estamos a caminho. Às vezes consideramos que certos debates são apenas questões conceituais ou discussões jurídicas ou disputas parlamentares, até que chega o dia em que a coisa aperta para o nosso lado.

Seguem os tópicos:

1) Neil Addison, diretor do Centro Jurídico Thomas More, disse que as garantias do primeiro-ministro David Cameron de que a Igreja não seria obrigada a realizar casamento religioso para homossexuais são inúteis. Duas decisões do Tribunal Europeu de Direitos Humanos mostram que o governo estaria agindo ilegalmente se legalizasse o matrimônio civil de pessoas do mesmo sexo sem permitir que seja realizado também no religioso. Isso significa que, se o projeto do governo de redefinir o matrimônio para incluir casais do mesmo sexo for aprovado, a Igreja Católica pode ser processada segundo a legislação que prevê igualdade de direitos .

2) Os médicos que se recusem a realizar operações de mudança de sexo ou a prescrever anticoncepcionais a mulheres solteiras podem ser cassados pelo Conselho de Medicina inglês. As novas normas da entidade de classe proíbem que os médicos aleguem objeção de consciência para se negar a realizar essas operações e estipulam que se um médico receita anticoncepcionais para mulheres casadas não pode se negar a prescrevê-los para solteiras.

3) Organizações católicas reagiram com consternação após o governo recuar nas medidas para limitar o acesso à pornografia na internet. Um relatório do parlamento inglês acaba de revelar que quatro em cada cinco adolescentes de 16 anos acessa regularmente pornografia e que um terço das crianças de 10 anos já acessou. Danny Sullivan, presidente de uma entidade católica para o cuidado da infância, afirmou: "É um direito fundamental das crianças serem protegidas pelos adultos na sua comunidade."

4) Duas obstetras católicas entram com recurso contra decisão legal que as obrigam a supervisionar equipes que realizam abortos. Apesar de terem o direito de alegar objeção de consciência para não realizarem diretamente, elas lutam pelo o direito de se recusar a supervisionar o pessoal que participa em abortos.

5) A organização católica Cavaleiros de Colombo realizou nessa semana sua reunião anual em Washington. Seu líder, Carl Anderson, afirmou que "em nenhum momento da vidas dos que aqui estamos presentes a liberdade religiosa do povo americano esteve tão ameaçada como agora"

sábado, 28 de abril de 2012

A tradição e o futuro, sinais dos tempos


Entrevista com o Pe. Joseph Kramer, pároco da Igreja da Santíssima Trindade dos Peregrinos. É a única paróquia em Roma onde se celebra exclusivamente a Missa Tridentina.

O vídeo foi produzido pela Catholic News Service, que é a agência de notícias da Conferência dos Bispos dos Estados Unidos. No site da agência você encontra uma matéria em inglês que acompanha essa entrevista: Nova geração, antigo rito: o duradouro apelo da Tradição católica.

dica: Father Z

O Papa: veja a análise de quem sabe tudo


Novamente um texto inspirado de La cigüeña de la torre. Seguem trechos (vale a penar ler a íntegra).

Um Papa extraordinário

Estamos vivendo uns dias eclesiais alucinantes. (...) Parece que decidiram pegar o touro a unha, finalmente, e que estão fazendo horas extras. Bendito seja Deus. (... cita notícias da Áustria, Argentina, Irlanda, Espanha, Estados Unidos, dos lefevristas, etc.)

Não é pouco para um mês. Eu nunca teria ousado sonhar com tantas boas notícias. (...) Um Papa notável, com seus 85 anos, está dando mostras de uma vitalidade e uma energia quase impossíveis de se imaginar. Com a aparência tão débil, tão frágil, tão humilde, com muita sabedoria tomou o leme da barca da Igreja açoitada pela tempestade com uma força que não é própria de idades avançadas. Com a força do Espírito Santo.

João Paulo II certamente preparou o caminho. E também seu sucessor. Mas o que estamos vendo com a atual Pontífice, de quem se esperava um curto pontificado de transição, supera todas as expectativas. Mesmo as mais otimistas. Começa seu sétimo ano à frente da Igreja. Havia quem pensasse que não chegaria a tantos. Hoje muitos poderiam evocar a passagem evangélica: É bom estarmos aqui! Façamos três tendas...

Santo Padre, os católicos gostaríamos de fazer um bela tenda para que estivesses sempre conosco. Como estamos bem contigo! Uma tenda que te proteja de tantos ataques dos inimigos de Deus e da Igreja, na qual te sintas feliz rodeado do amor de teus filhos. Parecia impossível fazer-se querer depois do fenômeno de João Paulo II. Que cativou o mundo católico. O Papa Magno. Morto em odor de santidade e de multidões. O sarrafo ficou a uma altura inatingível. Ainda mais para um Papa ancião, de passo leve e sorriso tímido. Uma leve brisa após um ciclone devorador. Um ator que enchia o palco e tinha consciência disso, e um sucessor que parecia se encolher quando se abriam as cortinas. Depois da Nona Sinfonia de Beethoven concluída com o coro apoteótico, se dizia que não haveria músico que ousasse ser interpretado por qualquer orquestra. Pois veio Mozart e com ele a harmonia delicada que também entusiasmou um público que pensava que o concerto anterior era insuperável.

Tenho certeza que aquele Santo súbito que a multidão proferiu como que inspirada por uma força sobrenatural enchendo a praça de São Pedro e que o mundo inteiro escutou vai se repetir um dia, Deus queira que ainda longínquo.

Por que a música católica está uma bagunça?



O sempre gabaritado Salvem a Liturgia traz um ótimo post que indaga por que a música católica está uma bagunça? 

É uma tradução comentada do blog americano The Chant Café. Vale a pena conferir.

Imagem da Missa (20): Assistindo Missa, Rocafort



Óleo de autoria do pintor espanhol José Benlliure Gil, com o título "Assistindo Missa, Rocafort". O próprio Benlliure doou o quadro em 1932 ao Museu de Belas Artes de Valencia, Espanha, em cujo acervo permanece (veja no Google Maps).

Depois de sete anos. O segredo do Papa Ratzinger


Íntegra do belíssimo artigo de Sandro Magister:

Ninguém disse, há uma semana, nas muitas homenagens por ocasião do sétimo aniversário de Bento XVI como papa: o elemento que melhor revelou o profundo significado do seu pontificado foi um temporal.

Foi uma noite tórrida em Madrid, em agosto de 2011. Diante do Papa, na esplanada, um milhão de jovens, com idade média de 22 anos, desconhecidos. De repente, um turbilhão de água, raios e vento se abate sobre todos, sem possibilidade de proteção. Voam pelos ares holofotes, cartazes, e o Papa também se molha. Mas ele permanece no lugar, diante da alegria explosiva dos jovens pelo inesperado espetáculo da natureza.

Quando a chuva pára, o papa coloca de lado o discurso escrito e dirige aos jovens umas breves palavras. Convida a olhar não para ele, mas para Jesus que está presente na hóstia consagrada sobre o altar. Ajoelha-se em silêncio e em adoração. O mesmo ocorre na esplanada: todos se ajoelham no chão molhado, em meio a um silêncio absoluto durante uma boa meia hora.

Não foi a primeira vez que Bento XVI se ajoelhou diante da hóstia consagrada em longo silêncio. Já o tinha feito em Colônia, em 2005, no início do papado, também em vigília noturna com milhares de jovens, para assombro de todos.

Ao avaliar este papado, poucos perceberam a ousadia desses gestos contra a corrente. Mas, quando Bento XVI os realiza e os explica, o faz com a atitude gentil de quem não quer inventar nada, mas simplesmente ir ao âmago da aventura humana e do mistério cristão.

Também Rafael, há cinco séculos, no sublime afresco das Salas Vaticanas "Disputa do Santíssimo Sacramento (imagem acima, detalhe abaixo), colocou a hóstia consagrada no centro de tudo, sobre o altar de uma grandiosa liturgia cósmica que vê interagirem o Pai, o Filho, o Espírito Santo, a Igreja terrena e celestial, o tempo e a eternidade.
Quando Bento XVI convocou seu primeiro sínodo em 2005, o dedicou precisamente à Eucaristia, e quis que se projetasse esse afresco de Rafael durante todo o encontro, numa tela colocada diante dos bispos.

De Joseph Ratzinger se discutiram as exposições eruditas na Universidade de Ratisbona e no Collège des Bernardins em Paris, no Westminster Hall em Londres e no Parlamento Federal em Berlim. Mas um dia se descobrirá que o maior distintivo deste Papa são as homilias, como o foram para São Leão Magno, o Papa que deteve a invasão de Átila.

As homilias são as palavras de Bento XVI que não se têm em conta. São pronunciadas durante a Missa, perigosamente perto desse Jesus que está vivo e presente nas aparências do pão e do vinho, desse Jesus, que - ele prega incansavelmente - é o mesmo que explicou as Escrituras para os discípulos de Emaús, de forma tão semelhante aos homens extraviados de hoje, e que se revelou ao partir o pão, como na pintura de Caravaggio que está na National Gallery em Londres, e que desaparece quando é reconhecido, porque a fé é assim, não é nunca uma visão geometricamente cumprida, mas é uma disputa inesgotável de liberdade e de graça.

À fé nula ou escassa de tantos hoje, em Missas trivialmente reduzidas a abraços de paz e assembéias solidárias, o Papa Bento XVI oferece a fé substancial em um Deus que se faz realmente próximo, que ama e perdoa, que se faz tocar e comer.

Esta era também a fé dos primeiros cristãos. Bento XVI o recordou no Angelus de dois domingos atrás. Disse que o nascimento do domingo como dia do Senhor foi um gesto de ousadia revolucionária fantástica, precisamente porque fantástico e comovedor foi o acontecimento que o originou: a ressurreição de Jesus e suas aparições subseqüentes, na condição de ressuscitado, entre os discípulos cada "primeiro dia da semana", ou seja, o dia do início da criação.

O pão terreno que se converte em comunhão com Deus, disse o Papa em uma homilia, quer ser o início da transformação do mundo, para que se converta num mundo de ressurreição, num mundo de Deus.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O novo maoismo que sufoca a Igreja e a China

Joseph Huang Bingzhang, ordenado ilegalmente
bispo de Shantou e excomungado pelo Vaticano
O novo maoismo que sufoca a Igreja e a China

(AsiaNews) A ordenação episcopal de hoje em Changsha mostra que ainda está vivo o maoismo na China. Por várias semanas os jornais veicularam histórias sobre a demissão de Bo Xilai, o ex-secretário do Partido Comunista em Chongqing, famoso por promover um renascimento de canções maoístas e de leituras do Grande Timoneiro, por uma campanha implacável contra as máfias e por uma corrupção descarada.

(...) o Primeiro-Ministro Wen Jiabao condenou o retorno do maoísmo e uma nova Revolução Cultural, Bo Xilai foi destituído e processado criminalmente.

Na mesma ocasião, Wen Jiabao prometeu reformas profundas e muitos esperavam mais liberdade. Em vez disso, um maoismo mais sutil, mas igualmente totalitário, continua a permear a sociedade chinesa (...). Nas questões religiosas muitos vêem o dedo de Zhu Weiqun, vice-presidente da Frente Unida, famoso por seu discurso contra a religião e as conversões religiosas dos membros do partido (...) Graças às suas políticas (...) comunidades religiosas sofrem intermináveis controles e se busca a eliminação dos grupos subterrâneos (*), após um processo de "lavagem cerebral".

Há meses os grupos de padres e bispos da igreja subterrânea são controlados, isolados e submetidos a sessões de doutrinação sobre os benefícios das políticas religiosas do Partido.

O maoísmo dessas políticas é também evidente na ordenação de bispos: cada novo bispo deve ser um instrumento do Partido e da Igreja Católica Oficial. Cada ordenação se torna uma afirmação desta política e o bispo é dotado de salários e honrarias e transformado numa espécie de funcionário do governo.

São escolhidos de acordo com as conveniências do Partido e não para o cuidado pastoral dos fiéis ou de acordo com o Papa. Foi o que ocorreu nas recentes ordenações em Leshan e Shantou, com candidatos escolhidos pelo governo e sem mandato pontifício. E mesmo quando são candidatos escolhidos pelo papa, o partido obriga o neo-consagrando a suportar a presença de bispos excomungados e ilegítimos, como foi o caso no último dia 19 de março, em Nanchong e Changsha. Os dois candidatos são bons pastores, mas foi o governo que determinou quem participaria ou não da consagração episcopal.

Está claro que é o partido que pretender deter a chancela oficial da ortodoxia eclesial em lugar do Papa. Este cesaropapismo chinês é tão tosco quanto perigoso para a Igreja e para a China.

A intromissão do Partido em ritos e ordenações, candidatos e bispos consagrados é um sinal da mentalidade estreita dos líderes do partido, baseada em padrões antigos, superados pela história. A segunda maior economia mundial, que está se preparando para ir à Lua, ainda pensa como as monarquias absolutistas ocidentais do séc. XVII.

As ordenações episcopais manchadas pela presença de bispos ilegítimos dificultam o trabalho da Igreja e perturbam os fiéis, minando a unidade entre as comunidades. Mas também produzem sentimentos hostis a um estado totalitário e, com isso, aumentam a oposição e também a possibilidade de tumultos. Nos últimos meses, durante as detenções de bispos para obrigá-los a participar de ordenações ilegítimas, houve comunidades que se rebelaram contra a polícia e organizaram manifestações. Ao mesmo tempo em que  presidente Hu Jintao lançava o seu apelo para uma "sociedade harmoniosa".

Este ano o partido está planejando mais 5 ou 6 ordenações episcopais ilegítimas. Não seria preferível para Pequim deixar o Papa ser o Papa e o governo chinês ser o governo, permitindo a liberdade em questões religiosas? Desta forma, poderia ganhar a confiança e a simpatia dos fiéis e dos cristãos do mundo inteiro. E a comunidade internacional e o mundo dos negócios seriam capazes de respirar: onde não há liberdade religiosa, as outras liberdades, como a econômica, são campos minados.

(*) As igrejas subterrâneas são as igrejas clandestinas que não concordaram em serem subjugadas e unidas às Igrejas nacionais, criadas na China no início do governo comunista. Estas Igrejas nacionais, controladas pelas Associações Patrióticas (ex: Associação Patriótica Católica Chinesa), serviam para o Governo chinês supervisionar e controlar todos os aspectos da vida religiosa na China, incluindo a nomeação bispos ou outros ministros sagrados. Por causa da sua oposição à política repressiva comunista, muitos membros destas Igrejas proibidas pelo Governo são perseguidos e forçados a se juntarem às Igrejas nacionais. 

Missal Romano: a quantas anda a nova edição em português?


Um post de fevereiro comentava que a nova edição do Missal em português vai demorar.

Nesses últimos dias a questão da versão em alemão do pro multis está dando o que falar.

Convém então atualizar a questão do andamento da nova edição em português, com notícia da Gaudium Press (negritos meus):
Tradução do Missal Romano está sendo minuciosamente avaliada
Na 50ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que acontece em Aparecida (SP), os bispos estão tratando, entre outros temas, da tradução do Missal Romano. 
Segundo o Arcebispo de Juiz de Fora (MG), Dom Gil Antônio Moreira, em todas Assembleias, a liturgia recebe um destaque especial. "O que estamos vendo é uma tradução mais adequada das orações que estão em latim, sejam as orações da Missa, sejam as orações também eucarísticas que são fixas e esta tradução é importante para que haja sempre uma melhor compreensão e fidelidade ao texto original". 
Esta tradução estão sendo feita com muito cuidado e zelo para que depois seja encaminhada à Santa Sé para sua aprovação final. Dom Gil afirma que o fato de a tradução estar sendo discutida há algum tempo, é o fato de que a Igreja é muito minunciosa "temos todo o cuidado, não palavra por palavra, mas vírgula por vírgula". 
Este cuidado todo, segundo o Arcebispo de Juiz de Fora, é porque "a liturgia é o ápice, o ponto alto da comunidade com Deus e por isso, a Igreja tem de ser muito cuidadosa neste aspecto para que nada saia errado, para que não haja nenhum sinal, nenhuma palavra, nenhuma preposição que possa causar dificuldade no entendimento naquilo que se reza, que é a expressão da fé". 
Por este motivo, segundo Dom Gil, é que esta tradução não é um texto fácil de ser concluído mas, "esperamos que seja finalizado em breve, mas eu não tenho a ilusão de saia de hoje para amanhã".
PS. O conceituado Salvem a Liturgia comentou positivamente a notícia acima e considerou as novidades animadoras

Ah, se eu fosse o Papa...


Em um post anterior (Que parte do "pro multis" vocês não entenderam?) comentei a extensa carta (5 páginas) do Papa aos bispos alemães sobre a questão do pro multis. A versão em português da carta é o primeiro tópico do widget do Vaticano, porém o link não está ativo :-( 

O site do Vaticano só traz o texto em alemão, mas você pode encontrar uma tradução em português no Fratres in Unum.

Um leitor do Father Z sugeriu um texto alternativo mais breve para a carta papal:
Venerados irmãos na plenitude do Sacerdócio, saudações e a Bênção Apostólica!

Como todos nós buscamos ser dignos sucessores de Pedro e dos Apóstolos depois de Pentecostes e não de Judas nos dias que antecederam o Sacrifício do Calvário, somos obrigados, sob pena de condenação eterna, a servir ao Senhor na Igreja que Ele próprio consagrou com o seu Preciosíssimo Sangue, derramado por muitos em expiação pelos nossos pecados.

Se você não gosta da tradução nova e correta da fórmula da Consagração, resta-lhe a opção de usar na Missa a versão original em latim, como eu faço na maioria das vezes. Se você gosta muitíssimo da tradução antiga, incorreta e exegeticamente tola, pode pedir uma dispensa, que será estudada com a costumeira celeridade da Cúria Romana e submetida a mim logo que ocorra uma queda súbita de temperatura em um lugar cuja existência deve ser afirmada com mais freqüência por alguns de vocês, ao menos como um lembrete para si próprios. Nesse meio tempo, ou é latim ou é "por muitos".

Diga-se de passagem, eu nunca gastei tanto tempo e tantas palavras discutindo melhorias  ordenadas por mim há muuuito tempo atrás.

Venerados Irmãos, encontrem o que fazer antes de que eu comece a revisão de rotina nas sedes episcopais vacantes na Coréia do Norte, no Irã e em outros locais desejosos de aprender de vocês os caminhos da inculturação e da justiça social.

Com a bênção Pascal,
Genghis PP I
Em defesa do autor dessa versão alternativa, ele coloca um PS: "Graças a Deus há uma pessoa muito muito muito mais santa, sábia e paciente encarregada desses assuntos..."

Estreando o widget do Vaticano


Na coluna direita do blog passamos a ter agora um widget do Vaticano. Os principais e mais recentes tópicos do site vatican.va são atualizados automaticamente.

Muita coisa ainda não está em português, especialmente os vídeos, mas acho que é interessante dar uma explorada.

O que você achou? Vale a pena manter no blog? Deixe sua opinião nos comentários.

O horário de Missas que é um sonho de consumo


Basílica da Santíssima Trindade em Cracóvia, cidade em que João Paulo II foi Arcebispo:
10 Missas aos domingos
8 Missas nos dias de semana
Confissões diariamente das 8 às 20h
Atentem para o detalhe da duração das Missas: nos dias de semana de manhãzinha, Missa de meia em meia hora; aos domingos de manhã, Missa de uma em uma hora. Dá para perceber que você não vai ter que enfrentar cânticos ou sermões intermináveis. Mesmo aqueles que optarem pela Missa conventual no domingo (10:30h) não vão despender muito mais do que uma hora (a seguinte é às 12h).

Veja a igreja no Google Maps clicando aqui. Como se já não sobrassem qualidades, apreciem o interior:

Nave principal
Altar-mor
Dica: Father Z

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Imagem da Missa (19): Uma Missa no mar, 1793


Quadro do pintor Louis Deveau, intitulado "Uma Missa no mar, 1793". Retrata um período de perseguição religiosa, na qual o culto católico estava proibido -em plena Revolução Francesa-, de forma que tinha que ser realizado no mar ou oculto nos bosques. O autor realizou essa obra em 1864, setenta e um anos depois dos acontecimentos. Encontra-se no Museu de Belas Artes de Rennes, França (veja no Google Maps).

terça-feira, 24 de abril de 2012

Papa: que parte do "pro multis" vocês não entenderam?

Papa em Berlim, setembro de 2011
Íntegra do artigo do Vatican Insider (negritos e [comentários] meus):

O Papa enviou uma longa carta de cinco páginas aos bispos alemães para esclarecer uma antiga polêmica lingüística que surgiu a partir da reforma litúrgica prescrita pelo Concílio Vaticano II e da tradução dos Evangelhos para línguas vernáculas.

A carta assinada por Bento XVI em 14 de abril e publicada hoje (24 de abril) pela Conferência Episcopal Alemã se refere à tradução, repleta de implicações teológicas, das palavras de Jesus durante a Última Ceia. Seu próprio sacrifício, que em latim é pro multis, foi traduzido para o alemão como fuer alle (para todos) e não mais literalmente como fuer viele (para muitos). Antes da publicação, em países de língua alemã, da nova tradução do Livro de Hinos (Gotteslob), o Papa, que sempre prestou a máxima atenção para questões litúrgicas e para a correta interpretação do Concílio Vaticano II, sublinhou que esta tradução "é uma interpretação" coerente com "os princípios que guiaram as traduções dos livros litúrgicos para outras línguas modernas." No entanto, segundo Ratzinger, a tradução interpretativa além de um "certo limite" não se justifica para as Sagradas Escrituras e levou, em alguns casos, a "banalizações" que implicaram "uma autêntica perda de sentido."

"Pessoalmente, tornou-se cada vez mais claro para mim que a diretriz de usar uma equivalência estrutural em lugar da literal parecia ter os seus limites", explicou o Papa. "Como eu tenho que fazer orações litúrgicas em várias línguas, às vezes vejo que é difícil encontrar um elo entre as várias traduções e que mal se reconhece o texto original [em latim]", Bento XVI detalhou.

Como de costume em sua carta aos bispos alemães, o Papa menciona potenciais objeções dos destinatários: "Cristo não morreu por todos? A Igreja mudou o seu ensinamento? Tem capacidade para isso e pode fazê-lo? Essa reação procura destruir o legado do Concílio?" A resposta é negativa. 

Referindo-se à Instrução da Santa Sé Liturgiam authenticam de 2001, o Papa explicou que a fidelidade dos textos litúrgicos contemporâneos ao pro multis dos Evangelhos de Mateus e Marcos está vinculada à fidelidade da linguagem de Jesus ao capítulo 53 do Livro de Isaías (*). E não pode ser modificada de forma arbitrária.

(*) tomando sobre si os pecados de muitos homens (Isaías, 53, 12)

PS. Confira no post Nova edição do Missal em português vai demorar a quantas anda (ou hiberna) essa questão aqui na terrinha.

Sacramentos: me engana que eu gosto!


O blog espanhol  Cor ad cor loquitur traz um post interessante sobre a recepção dos sacramentos por quem não acredita no que recebe. Fala do Matrimônio, da Primeira Comunhão e do Batismo (nesses dois últimos, a falta de fé é dos pais).

Quando menciona o sacramento da Confirmação, aborda também a frequência à Missa dominical:
Quantas confirmação se administram a jovens que nem sequer são praticantes. Já presenciei isso em inúmeras ocasiões. O curso de Crisma é dado para jovens que não vão à igreja nem por descuido. 
Por exemplo, quando se confirmou meu segundo filho, ele era o único que assistia, e assiste, à Missa todos os domingos. Alguém poderia me dizer em que fé estavam sendo confirmados os outros? Alguém me pode dar uma única razão para que eu não ache que foi uma grande farsa? E tem mais, se eu fosse catequista de crismandos e não "conseguisse" que os garotos tivesses vontade de celebrar a sua fé, consideraria um fracasso a minha catequese. Coloquei o verbo conseguir entre aspas porque é óbvio que essa obra é do Espírito Santo e não do catequista. Porém o Espírito Santo nunca fracassa. É o homem, seja jovem ou ancião, quem fracassa ao não se deixar guiar por Deus.
A cultura do me engana que eu gosto é universal, mas cá nessas terras é vista com um carinho todo especial, mesmo nos meios eclesiásticos. Os catequistas fingem que ensinam, os crismandos fingem que aprendem, os pais, padrinhos e párocos fingem que estão diante de jovens de muita fé, todos se emocionam na Missa de Crisma... e a vida segue.

O termo inglês accountability carece de um bom correspondente em português. Uma espécie de cobrabilidade, possibilidade de cobrar alguém, de chamar à responsabilidade, de pedir contas. Se você tem um chefe exigente, sabe exatamente do que estou falando. Quem trabalha na casa da mãe joana terá mais dificuldade em entender.
Será também como um homem que, tendo de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens (...) Muito tempo depois, voltou e pediu-lhes contas. (Mt. 25, 14 e 19) 
Ele chamou o administrador e lhe disse: Que é que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração... (Lc, 16,2)
Há situações em que eu também me faço a mesma pergunta: alguém me pode dar uma única razão para que eu não ache que é uma grande farsa? E tenho a impressão de que em alguns meios eclesiásticos não são de bom tom perguntas do gênero, não cabe qualquer tipo de cobrabilidade, todos embarcam num me engana que eu gosto coletivo.

Voltando ao exemplo acima: se depois da crisma a grande maioria não está nem aí, não vai nunca à igreja e essa farsa se reproduz por décadas, qual é a pergunta de um milhão? Porque não há ninguém que reúna os responsáveis, dê um murro na mesa e diga: "Chega, não podemos mais continuar assim!" ?

O Brasil na imprensa (católica) internacional (5): trágica situação da Igreja brasileira


O prestigioso blog La cigüeña de la torre repercutiu o artigo de José Maria Mayrink, Agência Estado, via Fratres in unum. Ainda que já tenha aparecido em vários sites, segue para registro:

Bispos estão assustados com queda do número de católicos

Ainda na expectativa dos dados coletados pelo Censo de 2010, os 335 bispos que participam da 50ª

Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) estão assustados com a queda do número de católicos, cuja percentagem caiu de 83,34% para 67,84% nos últimos 20 anos. Esses números serão ainda mais assustadores de acordo com as informações coletadas pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), na previsão do padre jesuíta Thierry Lienard de Guertechin, do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento (Ibrades), organismo vinculado à CNBB.

Padre Thierry apresentou ao episcopado um quadro das religiões baseado em levantamento da Fundação Getúlio Vargas e das Pesquisas de Orçamentos Familiares do IBGE, resultado de entrevistas com 200 mil famílias realizadas antes do censo. "Com certeza, há algumas distorções que espero serem corrigidas pelas estatísticas do IBGE, que ouviu cerca de 20 milhões de brasileiros", disse o diretor Ibrades.

Os dados até agora disponíveis subestimam a queda da porcentagem de católicos e o crescimento de igrejas evangélicas pentecostais. "Perdemos o povo, porque, se o número absoluto de católicos cresce, caíram os números relativos, que dizem a verdade", alertou o cardeal d. Cláudio Hummes, ex-prefeito da Congregação do Clero no Vaticano e ex-arcebispo de São Paulo. "Não basta fazer uma bela teologia em pequenos grupos, se os católicos que foram batizados não são evangelizados", disse o cardeal na missa dos bispos, na manhã desta sexta-feira, na Basílica de Aparecida. Lembrando que o papa Bento XVI está preocupado com a perda da fé ou descristianização em todo o mundo, a começar pela Europa, d. Cláudio afirmou que "é preciso começar pelo começo" no esforço para garantir a perseverança dos católicos e reconquista daqueles que abandonaram a Igreja.

De acordo com os dados apresentados pelo padre Thierry, os evangélicos representam 21,93% da população, enquanto 6,72% declaram não terem religião e 4,62% dizem praticar religiões alternativas. Em sua avaliação, essas porcentagens teriam de ser analisadas com mais rigor, porque refletem um quadro confuso na denominação das crenças. O termo católico aparece em sete igrejas, incluindo a Igreja Católica Romana, enquanto os evangélicos são identificados com mais de 40 denominações. O grupo mais numeroso depois dos católicos é o da Assembleia de Deus, com 5,77%. "O número de seguidores de Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, que aparece com 1% nas pesquisas é na realidade maior", estima padre Thierry. Ele alerta também para outro fator de distorção, que é a multiplicidade da prática religiosa, as pessoas ouvidas nas pesquisas declaram terem uma religião, mas frequentam mais de uma igreja. Isso ocorre com evangélicos e também com espíritas que se dizem católicos.

A prática religiosa pelos batizados é outra coisa que preocupa os bispos. Os católicos praticantes - aqueles que vão à missa, recebem os sacramentos e participam da comunidade - são apenas 5%, ou cerca de 7 milhões num universo estimado em pouco mais de 130 milhões de fiéis. Entre os evangélicos, a porcentagem é mais maior. Padre Thierry dá valor relativo ao alto índice de católicos nas últimas décadas do século 19, quando a sua participação na população ultrapassava 99%. É bom lembrar a perseguição sofrida na época pelas religiões afro-brasileiras e os preconceitos sofridos pelos protestantes, diz o diretor do Ibrades. Ao recuar ainda mais na formação religiosa do povo brasileiro, padre Thierry lembra os cristãos-novos ou judeus convertidos à força ao catolicismo, que também eram perseguidos.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

São Jorge Guerreiro no Google


São Jorge é muito venerado pelos cariocas e corinthianos. É também padroeiro da Inglaterra e da Catalunha.

Para comemorar sua festa, a versão inglesa do Google usou hoje o doodle (*) acima.

A bandeira da Inglaterra é a Cruz de São Jorge (vermelha sobre fundo branco), que com frequência está no escudo do guerreiro, como também vemos acima.

Oração a São Jorge
Chagas abertas, Sagrado Coração todo amor e bondade, o sangue do meu Senhor Jesus Cristo, no corpo meu se derrame hoje e sempre.
Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge da Capadócia. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me toquem, tendo olhos não me exerguem e nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal. 
Armas de fogo o meu corpo não o alcançarão, facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrarem. 
Jesus Cristo me proteja e me defenda com o poder de sua Santa e Divina Graça, a Virgem Maria de Nazaré, me cubra com o seu Sagrado e divino manto, me protegendo em todas minhas dores e aflições, e Deus com a sua Divina Misericórdia e grande poder, seja meu defensor, contra as maldades das perseguições dos meus inimigos, e o glorioso São Jorge, em nome de Deus, em nome de Maria de Nazaré, e em nome do Divino Espírito Santo, me estenda o seu escudo e as suas poderosas anulas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, do poder dos meus inimigos carnais e espirituais e de todas sua más influências, e que debaixo das patas de seu fiel ginete, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós, sem se atreverem a ter um olhar sequer que me possa prejudicar. 
Assim seja com o poder de Deus e de Jesus e do Divino Espírito Santo. Amém.
(*) logo personalizada em homenagem a uma data especial,  colocada na página de buscas principal do Google

Oração pela criança que corre o risco de ser abortada


Mons. Fulton Sheen foi um bispo americano famoso por sua pregação e por sua catequese no rádio, na TV e através dos quase cem livros que escreveu.

Na luta em defesa da vida, incentivava as pessoas a adotar espiritualmente um bebê não nascido. Para isso, deveriam rezar durante nove meses a seguinte oração:
Jesus, Maria e José, eu vos adoro.
Peço-vos que protejais a vida
de (nome da criança)
o bebê ainda não nascido
que eu adotei espiritualmente e
que corre o risco de ser abortado.
Naturalmente, o nome fictício da criança adotada fica a cargo da imaginação de cada um. Com a esperança de encontrar essa criança na outra vida e desfrutar da felicidade eterna junto com ela.

Imagem da Missa (18): A Missa de São Gregório


Obra de Adriaen Isenbrant, "A Missa de São Gregório" (séc. XVI) encontra-se no Museu do Prado, Madrid (ver no Google Maps).

Papa pede Primeira Comunhão com fervor e sobriedade

Karol Wojtyla no dia de sua primeira comunhão

Caros amigos, no tempo pascoal a Igreja, frequentemente, administra a Primeira Comunhão às crianças. Exorto, para tanto, os párocos, os pais e os catequistas a preparar bem esta festa da fé, com grande fervor mas também com sobriedade. “Este dia permanece na memória como o primeiro momento em que se percebe a importância do encontro pessoal com Jesus” (Sacramentum caritatis, 19) .

Que a Mãe de Deus nos ajude a escutar com atenção a Palavra do Senhor e a participar dignamente do Sacrifício Eucarístico, para que nos transformemos em testemunhas da nova humanidade.

~ Papa Bento XVI, Regina Caeli, 22 de abril de 2012

(clique aqui para ver o vídeo)

domingo, 22 de abril de 2012

Exéquias não são canonização

No dia da morte de Pio XII, após assistir a Missa de exéquias, fiel reza o Terço na calçada
da Catedral de Westminster diante de um cartaz com a foto do Papa (Londres, 9 de outubro de 1958)

É natural que o sacerdote que pregue em uma cerimônia de exéquias queira ser amável e dizer coisas positivas sobre o falecido. Mas nem por isso deve deixar de mencionar questões importantes nessa hora.

Dom Francisco Pérez González, Arcebispo de Pamplona, Espanha, escreveu um artigo interessante sobre esse tema. Seguem trechos:

Na semana passada, recebi uma carta que mencionava expressões ouvidas em sermões fúnebres: nosso irmão morreu e ressuscitou ou  já está com Deus nos céus. O remetente me perguntava: são corretas essas frases, são católicas? E dizia que achava estranho que muitas vezes se agradecesse a Deus pelo falecido, mas poucas vezes se pedisse por ele, pela sua purificação final e pela sua salvação eterna (...)

- A morte e ressurreição não são simultâneas (...) São Paulo fala da segunda vinda de Cristo, a última e definitiva. Nesse momento se dará a ressurreição dos mortos, no último dia, na Parusia, o que certamente ainda não aconteceu (...)

Porque teremos de comparecer diante do tribunal de Cristo. Ali cada um receberá o que mereceu, conforme o bem ou o mal que tiver feito enquanto estava no corpo (2 Cor 5,10). Esta é a fé sempre confessada pela Igreja (...) Se nos esquecermos disso, esvaziaremos o sentido da Paixão e Morte de Cristo, que levou a sério os nossos pecados, e tornaremos vãs suas próprias palavras no Evangelho (cf. Mt 25,31-46).

- O Purgatório existe, graças a Deus. E digo graças a Deus porque muitos vamos necessitar dele, se pela misericórdia de Deus morrermos na sua amizade, mas ainda necessitados de purificação. "Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu."(Catecismo, n. 1030) (...)

- Devemos oferecer sufrágios pelas benditas almas do purgatório. (...) isso é algo que o povo cristão sempre entendeu perfeitamente, e agora não devemos escondê-lo. A união dos batizados em Cristo é tão forte que nem mesmo a morte pode rompê-la. Portanto, nossas orações continuam a beneficiar os irmãos que ainda estão na purificação do purgatório (purificatório), da mesma forma que eles intercedem por nós. Não é pequeno o conforto que quem perdeu um ente querido pode encontrar nesta verdade.

(...) Ter a ousadia de comunicar a verdade aos nossos irmãos é a ação que melhor expressa o amor e o respeito que temos por eles.

(negritos nossos, clique aqui para ler a íntegra do artigo)

Não se pode ser católico e umbandista ao mesmo tempo

Lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim, Salvador
O Cardeal de Caracas, Dom Jorge Urosa, ressaltou em um sermão a incompatibilidade entre o catolicismo e a umbanda.

Desnecessário dizer que aqui no Brasil também é necessário lembrar com frequência que esses sincretismos não são possíveis. Alguns bispos têm procurado distanciar as lavagens de igrejas de qualquer atividade religiosa católica.

Segue transcrição das palavras do Cardeal Urosa:

Não podemos ser umbandistas e católicos. Talvez pessoas com uma fé débil queiram iludi-los dizendo que sim, que se pode ser umbandista e católico. Não senhor. Pão, pão; queijo, queijo. Todo mundo entende isso, certo? Pois bem, a umbanda é uma religião totalmente diferente da religião católica.

Se alguém quiser seguir a Jesus Cristo não pode estar acreditando nos orixás, nos babalaôs, etc.(...)
Nossa religião cristã se baseia na pessoa histórica de Jesus Cristo, o Nazareno Divino, que morreu por nós na cruz e ressuscitou. E é precisamente o único, o único, em cujo nome podemos obter o perdão dos pecados e a salvação.

Não podemos ter dois deuses, entendem? Um deus aqui e outro acolá. Não. Um só Deus. E este é o Deus Uno e Trino, Pai, Filho e Espírito Santo. E Jesus Cristo neste ponto é muito, muito firme. Não podemos acreditar, não podemos seguir a Deus e a outros deuses. Vocês entendem? De modo que é muito importante.

Eu respeito muito as pessoas que têm outra religião. Mas se têm outra religião não podem ser católicos. E se nós somos católicos não podemos estar seguindo uma religião diferente. Como não podemos, por exemplo (...) acreditar no espiritismo, nem podemos ser católicos e protestantes ao mesmo tempo. Não é mesmo? Bom.

Não é possível ser católico e umbandista ao mesmo tempo. E se temos uma grande religião, formosa, bela, extraordinária; de salvação, de afirmação da vida, de amor eterno que o Senhor quer nos comunicar, não podemos, portanto, seguir uma religião diferente. Eu creio que isso é extremamente importante.

PS. Houve protesto por parte dos umbandistas, que se puseram como vítimas de incitamento ao ódio. A Arquidiocese soltou uma nota de esclarecimento dizendo que não se ofendeu ninguém e sustentando a incompatibilidade entre as duas religiões. Você pode ler a íntegra do assunto aqui.

sábado, 21 de abril de 2012

Imagem da Missa (17): São Felipe Neri na Consagração da Missa


 São Felipe Neri na Consagração da Missa, obra de Joan Llimona, pintada em 1902. Encontra-se na Igreja de São Felipe Neri, em Barcelona. Detalhe curioso: o celebrante tem a fisonomía de Antonio Gaudí.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Bispo quer aproximação entre Igreja e Maçonaria

D. Demétrio Valentini , Bispo de Jales (à direita na foto) , durante
cerimônia de entrada na Loja Maçônica Coronel Balthazar
(scroll down for English translation)

Íntegra da inacreditável e lamentável notícia do Jornal de Jales:

Ao fazer palestra na última terça-feira,dia 10 de abril, em comemoração ao 53º aniversário da Loja Maçônica Coronel Balthazar, o bispo diocesano de Jales, D. Demétrio Valentini disse que existe clima propício para uma aproximação entre a Igreja Católica e a Maçonaria.

Para ele, ambas as instituições, que tiveram grandes diferenças no passado, estão maduras o suficiente que possam prosperar proveitoso diálogo.

D. Demétrio lembrou que, aos 71 anos, ainda tem mais quatro de atividade como bispo, período que poderia ser aproveitado para a aproximação de Igreja e Maçonaria. Como se sabe, quando atingem 75 anos, os bispos se aposentam compulsoriamente.

Como tem bom diálogo com a Maçonaria jalesense, o bispo entende que poderia partir daqui os canais que pudessem repercutir em nível de Brasil.

Segundo ele, há mais ou menos 10 anos, já houve, de maneira discreta, as primeiras tratativas neste sentido. O interlocutor com a Maçonaria, em nome da cúpula da Igreja Católica, foi o cardeal D. Ivo Lorscheider, já falecido.


D. Demétrio Valentini
Incredible and lamentable news from Jornal de Jales :

During a lecture last Tuesday, April 10th, commemorating the 53rd anniversary of the Masonic Lodge Coronel Balthazar, the Bishop of Jales, Msgr. Demetrio Valentini said that there is a favorable momentum to rapprochement between the Catholic Church and Freemasonry.

For him, the two institutions, which have large differences in the past are ripe enough that fruitful dialogue can flourish.

Msgr. Demetrius recalled that, at 71, he still has four more years in activity as a bishop, a period that could be harnessed to build bridges between the Church and Freemasonry. As you know, bishops retire compulsorily at 75.

Having a fine dialogue with Freemasonry in Jales City, the bishop understands that from there they can spread dialogue channels all over Brazil.

He said that 10 years ago, there have been some initial negotiations looking for closer relations. The interlocutor with Masonry, on behalf of the summit of the Catholic Church in Brazil, was Cardinal D. Ivo Lorscheider, now deceased.


Filme sobre menina que sobreviveu a um aborto

Anaamika, a "sem nome"
Uma menina indiana de 12 anos sobrevivente de um aborto, achada em uma lata de lixo hospitalar e criada por freiras é a estrela de um novo documentário do premiado diretor Sibi Yogiyaaveedan.

A mãe da menina optou por um aborto por cesariana no sétimo mês de gravidez, em um hospital privado em Rajkot, Índia. Após a tentativa de aborto a criança foi deixada em uma lixeira hospitalar e mais tarde descoberta pelas faxineiras.

Alarmados pelo fato de que bebê ainda estava vivo, os médicos recorreram a um convento e o bebê, ainda lutando pela vida, foi entregue às freiras. Estas batizaram o bebê de Anaamika, que significa "sem nome" em sânscrito, e o levaram para um hospital infantil, onde foi mantido em uma incubadora por vários meses.

A Irmã Tessy, que cuidou da menina desde pequena, conta que "não tínhamos esperança de que sobrevivesse quando a trouxemos de volta ao convento. Uma noite, ela parou de respirar. Julgando que já não vivia, a cobrimos com um pano. Após um tempo, notamos movimento. Ele recuperou sua vida novamente"

Devido aos danos causados pelas substâncias abortivas, Anaamika não pode ouvir nem falar e é provável que esteja totalmente cega aos 20 anos.

Embora os pais da menina tivessem boa situação financeira (o pai era professor universitário), eles decidiram abortar a sua filha por já teram quatro outras.

A Irmã Soffy, que é sua professora na St Xavier's School, conta que Anaamika é uma menina estudiosa, aprende com rapidez e gosta de artes e de esportes.

O filme mostra uma menina de óculos, graciosa, com um leve defeito no andar, brincando com suas colegas de escola. É cena mais comovente do documentário: sem dar importância às suas desventuras e levando a vida ao seu ritmo.


fonte: Daily Mail

Bispo com câncer terminal mostra a Hugo Chávez o caminho do Céu



Tomara que a moda pegue...

O post ficou longo, mas a carta, datada de 9 de abril, vale a pena. Nem vou acrescentar nada porque é auto-explicativa:

Senhor comandante Hugo Chávez Frías. Presidente de la República.

Dirige-se a V. Ex.ª um bispo com 84 anos e que padece das graves consequências de um severo tratamento de quimioterapia, muito debilitado após a perda de 16 kg.

Sou uma espécie de esqueleto ambulante que não se sustenta e só me locomovo em cadeira de rodas. Tudo isso me dá a certeza de que a morte está muito próxima. Isso demonstra a sinceridade e a boa fé que me motivam a lhe falar com clareza...

O Evangelho (...) afirma: Nem todo o que diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas aquele que cumpre a vontade de meu Padre Celestial.  V. Ex.ª deu diversas demonstrações de fé e de confiança em Deus, chamando-o "Meu Deusinho", abraçando e beijando crucifixos, visitando o santuário do Santo Cristo de La Grita e muitas outras coisas do gênero.

Se tudo isso foi feito com sinceridade, é muito louvável e o aplaudo; mas, infelizmente, isso não basta para receber o perdão de Deus e entrar no reino dos céus. É estritamente necessário, além disso, reparar o mal e as injustiças causadas às pessoas e às instituições, e que  V. Ex.ª , levado pela soberba, cometeu em inumeráveis ocasiões.

As Sagradas Escrituras chamam a soberba de O grande pecado, e foi isso que levou o belíssimo e poderoso arcanjo Lúcifer a se rebeler e a querer emular o poder de Deus, rebelando-se contra Ele, junto com um grupo de anjos que o seguiram em sua louca empreitada. (...)

Como lhe dizia, senhor Presidente,  V. Ex.ª cometeu muitas e graves injustiças. Só para recordar-lhe alguns casos mais emblemáticos: a injusta prisão de Maria de Lourdes Afiuni e a dos tres comandantes da polícia. Além de outros inumeráveis casos que fizeram sofrer muito os afetados e sua famílias.

Tudo isso deve e pode ser reparado com uma ordem de  V. Ex.ª para a imediata libertação de todos os presos políticos e a permissão para o retorno de todos os exilados, obrigados a fugir do país por temor às represálias que  V. Ex.ª lhes causaria.

Outro gravíssimo pecado que  V. Ex.ª cometeu foram as expoliações e roubos (...) Levado pela sua própria soberba,  V. Ex.ª, como um Júpiter tronitruante dizia: Exproprie-se, exproprie-se, sem levar em conta as leis vigentes que prescrevem uma avaliação prévia, um acordo com os interessados e um pagamento justo pelos bens expropriados.

Se  V. Ex.ª quer o perdão de Deus, deve indenizar sem demora as centenas de prejudicados.

Há também, Sr. Presidente, outro mal que tremendo causado ao país: sua inexplicável pregação de ódio e de violência (...)

Haveria, senhor Presidente, alguns outros pecados que gostaria de destacar, mas não quero terminar sem apontar sua culpa na inexplicável negligência em enfrentar com decisão a terrível corrupção que assola a Venezuela, tanto assim que muitos julgam haver cumplicidade de sua parte (...)

Endereço-lhe publicamente esta longa carta porque quero que a leiam também seus seguidores. Também eles, se querem salvar suas almas, têm a gravíssima obrigação de pedir com a maior sinceridade de seus corações o perdão de Deus e de reparar todas as injustiças cometidas.

Como  V. Ex.ª poderá apreciar, meu estimado Presidente, falei-lhe talvez com muita franqueza, mas com o melhor e mais santo desejo de que algum dia nos encontremos gozando da felicidade eterna no Reino de nossa Deus e Senhor.

Atenciosamente

+Eduardo Herrera Riera
Bispo Emérito de Carora

Por minha vida, diz o Senhor, não me comprazo com a morte do pecador, mas antes com a sua conversão, de modo que tenha a vida (Ez. 33, 11)

texto integral: aciprensa.com

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Joseph Ratzinger nasceu predestinado para ser Papa?

São Benedito José Labre
Post do Vultus Christi publicado na segunda-feira, mas que também tem tudo a ver com o dia de hoje, quando se comemora o aniversário da eleição do Papa:
Hoje é o 85º aniversário do Santo Padre. Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI, nasceu em 16 de abril de 1927. Era Sábado Santo. Ele foi batizado no mesmo dia. Cento e quarenta e quatro anos antes, em 16 de abril de 1783 um homem pobre, que rezava sempre, morreu em Roma. Seu nome: Benedito José Labre. É estranho e maravilhoso que um homem chamado José, nascido na festa de São Benedito José, escolhesse o nome de Benedito (*) quando foi eleito para Papa. É como se um sinal da Providência sobre o seu destino tivesse sido dado desde o início.
(*) em quase todas as línguas em que tive a paciência de conferir na Wikipedia, o nome do Papa segue mais fielmente o padrão latino Benedictus: italiano, inglês, espanhol, alemão, polonês, sueco, húngaro, holandês. Só em português se adotou a contração Bento, mesmo existindo a correspondência mais fiel (e muito mais usada) Benedito. Alguém saberia dizer porque? Em francês também é contraído para Benoît, mas lá acho que não existe a forma Benedito (pelo menos é Saint Benoît-Joseph Labre)

Imagem da Missa (16): A Missa dos peregrinos


Pintura a têmpera e ouro sobre madeira, pelo Círculo de Jaume Huguet, entre 1450-1500.  "A Missa dos peregrinos" encontra-se no Museu Thyssen-Bornemisza, Madrid (clique aqui para um tour virtual pelo museu. Você vai encontrar a obra acima na sala 2 do 2º andar)

#7BXVI - Habemus Papam




Amados Irmãos e Irmãs,

Depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor.

Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. E, sobretudo, recomendo-me às vossas orações.

Na alegria do Senhor Ressuscitado, confiantes na sua ajuda permanente, vamos em frente. O Senhor ajudar-nos-á. Maria, sua Mãe Santíssima, está conosco.

Obrigado!

Transmissões de TV ao vivo do Vaticano


Caso você tenha interesse em acompanhar algum evento no Vaticano ao vivo pela internet, o Centro Televisivo Vaticano tem uma página com a programação mensal e semanal e com os links para as transmissões.

Cobrem todos os eventos públicos com o Papa: Ângelus, audiências, Missas, etc.

Comemoração à moda bávara


O autor do blog Orbis Catholicus Secundus e sua original comemoração do aniversário do Papa, com cerveja bávara.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

E o Cardeal não dançou o rap!


O vídeo acima é uma mensagem pela Páscoa do Cardeal Dolan, de Nova York. Vê-se que é feito para o público jovem, um breve recado:
Talvez vocês pensem que essa Páscoa vai ser especial para mim por ser a primeira como Cardeal, mas não vai. A Semana Santa e a Páscoa sempre foram especiais para mim desde criança.
E o que são essas celebrações? Em última análise estamos falando de passagem. A natureza está passando do inverno para a primavera, nossos vizinhos judeus estão celebrando a Páscoa, Jesus passou da Sexta-feira Santa para o domingo de Páscoa e nos convidou a fazer o mesmo. Ele diz: veja, assim como eu passei da morte para a vida, da Cruz para a Ressurreição, estou convidando VOCÊ para passar comigo!
Então, VOCÊ, mate o egoísmo, mate a falsidade, mate as mentiras, mate o pecado... e passe para a renovação, a liberdade, a graça, a misericórdia, o amor, a virtude, a bondade. Então, é tudo uma questão de passagem, certo?
Portanto, boa primavera, boa Semana Santa e Páscoa e boa passagem! Que Deus lhe abençoe!
O conteúdo não é um tratado de teologia, mas o recado está dado de forma simples, direta e compreensível por todos: passar do que é ruim para o que é bom. Tem uma grande virtude: a concisão. Tirando os efeitos na abertura e o encerramento, tem 60 segundos líquidos. O homem é capaz de se virar nos 30 (x 2).

Mas o que me chama a atenção é a forma. Feito para jovens, mas sem se rebaixar, querendo parecer (o que não é) um deles:
- não se veste como jovem, não põe nem um adereço, um boné, uma camiseta. Não usa um clergyman descolado, uma camisa de padre com estampa quadriculada
- não usa gírias ou gestos de jovens

E mais importante do que os nãos são os sins
- é persuasivo, bem humorado, descontraído e simpático ao falar
- coloca-se próximo de quem ouve, tem empatia
- é enfático, tem verve, fala com o coração

Não acredito que o vídeo tenha bombado no twitter ou no facebook, mas acho que traz características que costumam faltar nas pregações que assisto.

Cada pregador tem suas características, nem todo mundo tem talento para falar com o desembaraço que vemos no vídeo. Para citar um exemplo, o Papa tem um estilo totalmente diferente, e cativa os ouvintes de outra forma. Mas é bom de vez em quando considerarmos outros paradigmas e estilos, que não apelam nem ao discursinho barato simpático e populista nem à clássica retórica eclesiástica meio pesadona.

Capelão militar alemão da II Guerra próximo dos altares


(Catholic Herald18/04/2012) O Vaticano está verificando se a cura de um americano com câncer se deve à intercessão do Pe. Franz Stock, um capelão do exército alemão para prisioneiros dos nazistas em Paris (...)

Padre Stocks foi "a última face humana" que centenas, talvez milhares, puderam ver antes de sua execução.

Ele é um símbolo da reconciliação na França e na Alemanha, virou nome de ruas e de escolas e é homenageado pelas autoridades. O correio francês lançou um selo comemorativo no 50º aniversário da sua morte. Ele faleceu por edema pulmonar em 24 de fevereiro de 1948, aos 43 anos (...)

O Tribunal da Arquidiocese de São Francisco, California, investigou o caso da cura de um homem de 33 anos e enviou seu relatório à Congregação para as Causas dos Santos no mês passado. Se o Vaticano confirmar que um milagre aconteceu, a beatificação será aprovada (...)

Os franceses chamavam o Pe. Stock o capelão do inferno por causa da sua misericórdia heróica e da sua bondade como capelão para os prisioneiros dos nazistas em Paris (...)

Testemunhas atestaram que Pe. Stock arriscava sua vida - às vezes usando uma batina especial e um casaco com bolsos ocultos - para trazer notícias e itens proibidos para os encarcerados. Chocolates, roupas, papel, canetas e cartas ajudaram os prisioneiros a resistir à tortura, ao desespero e às ameaças às suas famílias.

De 1941 a 1944 acompanhou mais de 700 pessoas durante suas execuções e testemunhou milhares sendo fuziladas pelos nazistas. "Somente nesta semana, eu preparei 72 homens para enfrentar a morte, os assisti no momento final e os enterrei", Pe. Stock escreveu no boletim de dezembro de 1941 da abadia beneditina de São José de Clairval, em Flavigny, França.

Em outro artigo publicado pela Abadia, Pe. Stock assinalou que Roger L., de 28 anos, foi batizado no dia de sua execução. "Ele havia perdido toda a coragem. Com a minha ajuda, ele recuperou a confiança ... Ele fez sua primeira comunhão com uma unção que comovia .... Suas últimas palavras no momento de sua morte foram Senhor, tem piedade de mim."

Com a libertação da França, o Pe. Stock foi preso pelos americanos por um breve período. Após a sua libertação, foi convidado para dirigir um "seminário cercado por arame farpado" em um campo de prisioneiros alemães em Chartres, uma iniciativa do governo francês e do delegado apostólico na França, o arcebispo Angelo Roncalli, futuro Papa João XXIII.

De 1945 a 1947, 949 professores, sacerdotes, irmãos e seminaristas passaram pelo seminário, segundo o site www.franz-stock.org.

(...) o Pe. Stock foi um defensor da paz, sobretudo da reconciliação entre a Alemanha ea França. Assim, apesar da relutância inicial, foi convencido a comandar o seminário para prisioneiros alemães na França como um caminho para a paz no futuro, renovando o catolicismo europeu no pós-guerra.

Pouco antes do encerramento do campo de prisioneiros e do seminário, Pe. Stock disse aos futuros sacerdotes alemães: "É a Providência que nos está lançando este convite à santidade, pela voz da história, e devemos ouvi-la, para trazer ao mundo a mensagem de liberdade e paz, salvação e amor ".

Padre falece de câncer uma semana após ordenação

Pe. Graham Turner após ordenação
A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe. Segue notícia do site acidigital:

O Padre Graham Turner nunca pôde servir em uma paróquia, mas seu testemunho de amor à vocação sacerdotal comoveu os católicos da Escócia. Uma leucemia agressiva foi causa da sua morte na segunda-feira 16 de abril, apenas uma semana depois de ter sido ordenado "sacerdote para sempre".

Pe. Turner, de 48 anos de idade, descobriu sua vocação já adulto. Deixou seu trabalho como programador de computadores e se mudou a uma residência de sacerdotes, onde por cinco anos se encarregou do cuidado dos sacerdotes idosos até ser aceito como seminarista da Arquidiocese de Saint Andrews e Edinburgo.

Estudou em Roma no Beda College e foi ordenado diácono em junho de 2010. Sua ordenação sacerdotal estava prevista para junho de 2011, e [...] teve que adiá-la depois do diagnóstico de leucemia.

Durante o último ano se submeteu a um intenso tratamento contra o câncer que não deu resultados. Ante a gravidade da saúde do sacerdote, seu pai contatou o Arcebispo do Saint Andrews e Edimburgo, Cardeal Keith O’Brien.

O Cardeal aceitou adiantar o rito da ordenação para Segunda-Feira de Páscoa. Graham Turner foi ordenado sacerdote na capela do Salford Royal Hospital, perto da cidade de Manchester na Inglaterra.

Em uma comovedora Eucaristia na qual chegou numa cama clínica para ser passado a uma cadeira de rodas, o Pe. Turner recebeu a desejada ordenação sacerdotal.

Durante a Missa, em que foi assistido pelos seus enfermeiros, pôde permanecer de pé alguns momentos ao início da liturgia Eucarística, ao lado de seus pais Marilyn e George, e de seus irmãos Ian e Sue.

"Há uma grande tristeza aqui e agora, mas sem dúvida foi importante para Graham ter sido ordenado", disse Dom Roderick Strange, Reitor do Beda College em Roma, onde o Pe. Turner se preparou para o sacerdócio.

"Embora a ordenação seja para o ministério ativo, isto definitivamente completou um período significativo da vida, do discernimento e do compromisso de Graham. Assim, foi maravilhoso vê-lo já como sacerdote". Em sua opinião, "a Missa foi muito comovedora, muito intensa e muito poderosa".

"Há uma passagem no rito da ordenação em que o Bispo diz ao ordenando que modele sua vida no mistério da Cruz de Cristo e acho que isso realmente aconteceu na cerimônia", disse Dom Strange.

De Graham, "recordarei o cavalheirismo, o humor, a inteligência, a paciência, a extraordinária força de caráter, e em particular, a fortaleza com a que respondeu e prosseguiu nos últimos 12 meses da sua vida".

terça-feira, 17 de abril de 2012

Apertem os cintos, o Padre surtou


O sermão até que começou bem: 2º Domingo da Páscoa, São Tomé, fé, incredulidade... De repente, parecia que uma jamanta tinha perdido o freio morro abaixo.

Não arrisco explicação, mas era como se alguém tivesse errado a dose do remédio. Ou talvez estivesse obcecado com uma ideia, necessitado de um desabafo e, de repente, a pressão rompeu as comportas.

O tom era o de sempre, mas o conteúdo... Como não dá para resumir 15 minutos em um breve post, cito algumas passagens.

Primeiro, sentenciou que o Matrimônio é como pegar um ônibus. Se você pegou o ônibus errado, não tem sentido insistir, desce logo, cai fora. Seria ridículo se sacrificar em nome de um compromisso se não há amor.

Meio na mesma linha, se é que se pode chamar de linha, passou a atacar as mulheres submissas que se sujeitam a humilhações e surras do marido! Claro que existem essas situações limite, mas nessas épocas de Maria da Penha, eu olhava para os pacatos casais de classe média ao meu redor e era difícil imaginar pra quem serviriam aqueles conselhos.

Culminou com o caso de uma mulher, cujo marido chegou tarde e bêbado, bateu na dita-cuja e foi dormir. Pois o que fez a sábia mulher, essa Judite do século XXI? Tirou a roupa do marido inconsciente e amarrou-o na cama. Quando este acordou pela manhã, ela soltou o verbo: se você me bater outra vez, eu volto a lhe amarrar, pego uma faca e o capo, seu miserável. Moral da história: o marido nunca mais a agrediu.

Acho que nunca ouvi um exemplo (!?!) tão bizarro em toda a minha vida. E não estou me restringindo apenas a sermões, o insólito vale também para aulas, livros, palestras, conversas com amigos.

Singelos e líricos ensinamentos de um sermão dominical para as famílias ali reunidas. Especialmente para as crianças pequenas que devem estar até agora se perguntando se o seu pai sempre foi uma pessoa direita ou se só tomou jeito depois que a mãe o ameaçou com uma faca Ginsu.

Não sou advogado, mas acho que se estivesse presente um membro mais rigoroso do Ministério Público, a coisa poderia complicar para o pregador. Não digo pelas questão de moral, ou pelos aspectos pastorais, mas pelo lado criminal. Com o "exemplo" da mulher valente dava para enquadrá-lo numa meia dúzia de artigos do código penal: incitação aos crimes de cárcere privado, tentativa de homicídio, abuso de incapaz, ameaça de lesão corporal grave, etc.

Na saída da Missa comentei minhas impressões com um conhecido que é membro ativo na paróquia. Ele não entendeu bem minhas objeções, disse que achou o sermão muito espiritualizado, que o padre tem bastante experiência, que deve saber o motivo de tais abordagens. Assim caminha a humanidade...

Imagem da Missa (15): A primeira Missa na Cabília


Obra de Emile-Jean-Horace Vernet, intitulada "A primera Misa na Cabília" (região montanhosa no norte da Argélia). Pintura a óleo sobre tela realizada em 1854, encontra-se no Museu Cantonal de Belas Artes de Lausanne, Suiça (ver no Google Maps).

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Renúncia do Papa: podem esperar sentados

O Papa e seu irmão rezando (L´Osservatore Romano de ontem)
Eles estão reunidos em Roma nesta semana em que se comemoram
o aniversário de nascimento e da eleição do Papa
Interessante matéria do Religión en Libertad:

Depois do Regina Coeli de ontem: a frase do Papa que aborreceu os "renunciantes"

Desde o primeiro sintoma de debilidade física de João Paulo II via-se a agitação dos que gostariam de ver Pedro renunciar a seu posto.

Mais do que por qualquer interesse pelo governo da Ireja, são movidos pela obsessão de ver um papa renunciar a seu cargo e assim ser rebaixado a uma condição análoga à dos demais governantes.

Já havia ocorrido quando João Paulo II deu os primeiros sinais de debilidade após a cirurgia do colo do fêmur em 1994 e surgiram vozes pedindo sua demissão. Avolumaram-se com o tempo e ganharam estridência nos últimos anos, quando já era patente o decaimento físico que o Papa quis converter em mostra da dignidade da vida humana até o final.

Com Bento XVI ocorreu o mesmo, e antes, graças à sua maior idade. No entanto, mesmo cumprindo 85 anos nesta segunda-feira, o papa está dificultando as coisas.

Após o Regina Coeli deste domingo da Divina Misericórdia, 2º da Páscoa, dirigiu-se em francês aos peregrinos na Praça de São Pedro: "Na próxima quinta-feira, ao cumprir-se o sétimo aniversário da minha eleição à Sé Pedro, peço que rezem por mim, para que o Senhor me dê forças para cumprir a missão que me confiou."

Alguns vão ter que continuar esperando.

Parabéns ao Papa pelos 85 anos!

O garoto Joseph Ratzinger (estimo uns 7 anos)

Com os pais, a irmã (mais 6 anos) e o irmão (mais 3 anos)

81º aniversário, na Casa Branca, EUA

A formação litúrgica nos seminários é deficiente


Com relação à Liturgia da Santa Missa, como o Sr. vê a formação dentro dos seminários brasileiros para que os seminaristas tenham uma boa instrução sobre o que é a missa e como celebrá-la com dignidade?

Dom Antonio Carlos Rossi Keller, Bispo de Frederico Westphalen: Em geral, a formação é deficiente. Estuda-se a teologia litúrgica, muitas vezes a partir de autores que não tem uma visão da liturgia suficientemente católica. Nos estudos sobre a liturgia, predomina a opinião pessoal de determinado liturgista, muitas vezes, opinião que contradiz aquilo que a Igreja ensina e determina, especialmente nos últimos Documentos que são normativos, em relação à Sagrada Liturgia. Além disso, falta nos estudos litúrgicos, a meu ver, a “alma” da Liturgia. Uma liturgia sem espiritualidade, sem a consciência de que, antes de tudo, liturgia é oração, acaba caindo no mesmo ritualismo que tantos modernos liturgistas criticam do passado: só que é o ritualismo do inventar, da novidade, que também não tem alma. A meu ver, a formação litúrgica dos seminaristas e também aquela dos padres, deve centrar-se nestes dois eixos: a fidelidade às Normas litúrgicas vigentes e a preocupação constante de fazer da liturgia oração.

A íntegra da entrevista está no blog Encontro com o Bispo

domingo, 15 de abril de 2012

A linguagem da música fala a Deus


A linguagem da música fala a Deus, pois a música é a linguagem do amor. Cantare amantis est (*). Ela é criada dentro do coração ardente de um artista que tem fé e é entendida pelos homens de todas as línguas.

~ Mons. R. J. Schuler (in Orbis Catholicus Secundus)

(*) Cantar é uma característica dos amantes, Sto. Agostinho