A incredulidade de São Tomé, Caravaggio, 1601 |
Alguns discursos do Papa podem ser difíceis de entender, mas há muitos que são tão claros! Veja essas doze linhas:
"Deus é, sem dúvida, omnipresente; mas a presença corpórea de Cristo ressuscitado constitui algo mais, constitui algo de novo. O Ressuscitado entra no meio de nós. E então não podemos senão dizer como o apóstolo Tomé: Meu Senhor e meu Deus! A adoração é, antes de mais nada, um acto de fé; o acto de fé como tal. Deus não é uma hipótese qualquer, possível ou impossível, sobre a origem do universo. Ele está ali. E se Ele está presente, prostro-me diante d’Ele. Então a razão, a vontade e o coração abrem-se para Ele, a partir d’Ele. Em Cristo ressuscitado, está presente Deus feito homem, que sofreu por nós porque nos ama. Entramos nesta certeza do amor corpóreo de Deus por nós, e fazemo-lo amando com Ele. Isto é adoração, e isto confere depois um cunho próprio à minha vida. E só assim posso celebrar convenientemente a Eucaristia..." (encontro com a Cúria Romana para os votos de Natal, 22/12/11)
Claro e profundo, piedoso e teológico. Fica a dica para um bom sermão de domingo: cinco a dez minutos comentando esse precioso texto que fala de fé, Ressurreição, Redenção, adoração, Eucaristia...
Se o Papa diz "só assim posso celebrar convenientemente a Eucaristia..." fica para nós a lição que a atitude de adoração é condição para assistirmos com proveito à celebração da Missa. É comum que vários aspectos secundários da Missa (ceia fraterna, reunião da comunidade, celebração da palavra, etc.) sejam mais lembrados do que a essência desse sacramento: a Eucaristia é a renovação incruenta do sacrifício de Cristo no Calvário. E se nos vemos cada domingo diante dessa renovação do sacrifício da Cruz, entendemos bem o que diz o Papa sobre a adoração como condição para assistirmos convenientemente.
Entendo que a principal missão da liturgia seja fomentar essa atitude de adoração, através dos cânticos, dos gestos do Padre, da atitude dos fiéis, do cerimonial, dos cuidades com as rubricas, etc. A liturgia deve nos inspirar a olhar para o altar, enxergar o sacrifício da Cristo e exclamar como Tomé: "Meu Senhor e meu Deus!" Mas isso já é assunto para outros posts.
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