A agonia no horto, Bellini, 1465 |
O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo. No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento.(... ) É no silêncio, por exemplo, que se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo enquanto sinais que manifestam a pessoa. No silêncio, falam a alegria, as preocupações, o sofrimento, que encontram, precisamente nele, uma forma particularmente intensa de expressão. (...) Por isso é necessário criar um ambiente propício, quase uma espécie de «ecossistema» capaz de equilibrar silêncio, palavra, imagens e sons [sem dúvida isso se aplica diretamente às Missas: cânticos, palmas, falas supérfluas: ver aqui e aqui]. (...)Leia a íntegra da mensagem do Papa aqui.
Na sua essencialidade, breves mensagens - muitas vezes limitadas a um só versículo bíblico - podem exprimir pensamentos profundos, se cada um não descuidar o cultivo da sua própria interioridade [o tema dos sermões longos é recorrente nesse blog, p. ex. aqui e aqui] Não há que se surpreender se nas diversas tradições religiosas a solidão e o silêncio constituem espaços privilegiados para ajudar as pessoas a encontrar-se a si mesmas e àquela Verdade que dá sentido a todas as coisas. O Deus da revelação bíblica fala também sem palavras: «Como mostra a cruz de Cristo, Deus fala também por meio do seu silêncio. (...) No silêncio da Cruz, fala a eloquência do amor de Deus vivido até ao dom supremo. Depois da morte de Cristo, a terra permanece em silêncio e, no Sábado Santo - quando «o Rei dorme (...), e Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos» (cf. Ofício de Leitura, de Sábado Santo) -, ressoa a voz de Deus cheia de amor pela humanidade.
Se Deus fala ao homem mesmo no silêncio, também o homem descobre no silêncio a possibilidade de falar com Deus e de Deus. «Temos necessidade daquele silêncio que se torna contemplação, que nos faz entrar no silêncio de Deus e assim chegar ao ponto onde nasce a Palavra, a Palavra redentora».
Como certas realidade se captam mais por contraste, não resisto a reutilizar a antológica cena de "Os Irmãos Cara de Pau":
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