quinta-feira, 5 de abril de 2012

A Missa é a Igreja envolvida pelo abraço da Cruz


Outro excelente texto, como sempre, de Dom Mark Kirby:

Em meio ao silêncio
O relato da Paixão mergulha-nos no silêncio. A Palavra foi silenciada. Somente um tolo se atreveria a falar. Talvez não devesse haver homilia hoje. Qualquer coisa menos do que a palavra do silêncio é indigna da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, qualquer coisa a mais é supérflua. Se sou tolo a ponto de pregar hoje, é por causa do silêncio: a palavra do silêncio, a palavra no silêncio. Como São Paulo, "eu me apresentei em vosso meio num estado de fraqueza, de desassossego e de temor" (1 Coríntios 2:3). Ao oferecer estas poucas palavras, meu único objetivo é guiá-lo para o porto da imensa e solene quietude.

O Mistério da Cruz
A Cruz revela seu mistério apenas para aqueles que se deixam elevar aos seus braços toscos e aceitam prontamente o seu abraço. O poder e a sabedoria de Deus estão ligados para sempre à fraqueza e à loucura da Cruz.

Nos braços da Cruz
A maioria de nós sente repulsa pela cruz. Vivemos com medo do sofrimento. Desejamos contemplar a cruz à distância, colocá-la em nossas paredes ou usá-la em uma corrente em nossos peito. É completamente diferente ser elevado em seus braços, render-se ao seu abraço e lá permanecer nu, exposto e vulnerável. Os santos são unânimes em testemunhar que para aqueles que se rendem ao abraço da cruz e lá ficam, ela se torna a Àrvore da Vida, o Leito Conjugal, e o Altar do Sacrifício.

Meu jugo é suave
Um antigo texto Litúrgico descreve o início da Semana Santa como um navio chegando ao porto. A Cruz de Cristo é o nosso refúgio e o nosso descanso. Nosso Senhor nos fala e diz: " Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas" (Mt 11:28-29).

A vontade do Pai é sempre Amor
O jugo suave de Jesus é feito do lenho da Cruz. Aqueles a quem Ele escolheu encontram descanso junto a Ele nos braços da Cruz. Quando resistimos e lutamos contra a cruz, nos condenamos a uma longa agonia sem descanso, dizendo como Jó: "Minhas entranhas abrasam-se sem nenhum descanso, assaltaram-me os dias de aflição." (Jó 30:27). Quando nos rendemos ao abraço da Cruz, descansamos com Jesus na vontade do Pai. Descobrimos que a vontade do Pai é sempre Amor, e assim começamos a rezar: "Pai, não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a tua." (Lc 22:42).

Árvore da Vida, Leito Conjugal e Altar
A Cruz é a "árvore plantada na margem das águas correntes: dá fruto na época própria, sua folhagem não murchará jamais. " (Sl 1:3). Ardendo com o fogo do Espírito Santo, a Cruz é a sarça que Moisés viu a "queimando e ainda não consumida" (Ex). A Cruz é o Leito Conjugal em que Cristo, o Esposo, e sua noiva, a Igreja, consumam seu amor. A Cruz é o altar do qual se eleva um sacrifício fragrante: a imolação do Cordeiro que tira os pecados do mundo.

A Missa
Como vamos passar da luta para o descanso, da tempestade para o porto? Como vamos passar do deserto árido para a Árvore da Vida, do isolamento para a comunhão? Como vamos passar do degrau para o altar e do altar para Deus? Pela Cruz. A Semana Santa é o tempo da nossa grande passagem: das trevas à luz, da tristeza à alegria, do tempo à eternidade, da morte à  vida. Se você deixar para trás a podridão de seus pecados, e as trevas da mentira, e o horror de tudo que agride a inocência e ultraja a Face do Amor, então deixe-se levar à Cruz. Para cada um de nós, e em cada Missa, Nosso Senhor oferece o lenho medicinal da Cruz. O Santo Sacrifício da Missa é o lugar, e os meios, e o preço da nossa Páscoa; a Missa é a Igreja envolvida pelo abraço da cruz.

Venha e se renda
Se você está cansado, venha para o altar, render-se ao abraço da Cruz. Se você está isolado e com medo, venha para o altar, render-se ao abraço da Cruz. Se você está amargurado ou machucado ou despedaçado, venha para o altar, render-se ao abraço da Cruz. Se, apesar de seus pecados, você tem fome e sede de santidade, venha para o altar, render-se ao abraço da Cruz. Se você gostaria de fazer de sua vida uma oferenda digna de Deus, venha ao altar, render-se ao abraço da Cruz. Se você deseja conhecer a alegria da ressurreição, venha ao altar, render-se ao abraço da Cruz.

Rumo ao Oitavo Dia
No tempo de uma semana, tendo passado dos sete dias de tempo mensurável para o Oitavo Dia, o Dia que nos libertará para sempre da tirania do tempo medido em função da aproximação da morte, vamos saudar o festival dAquele que triunfa sobre o inferno e detém as estrelas do céu em sua mão (cf. Salve, Festa Dies, Hino processional da Páscoa).

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