sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Uma santa para os que são prisioneiros do seu passado


Não apenas as meditações de Dom Mark Kirby são excelentes, mas seus títulos também são marcantes, como este: Uma santa para os que são prisioneiros do seu passado. O texto trata de Santa Josefina Bakhita, cuja memória se comemorou no último dia 8. Nasceu no Sudão em 1869 e foi canonizada em 2000. Seguem trechos:

Chamada por um novo nome
Devido ao trauma que sofreu quando foi raptada e vendida como escrava quando menina, Santa Josefina Bakhita não conseguia se lembrar do nome que os pais lhe deram. Seus captores a chamaram de Bakhita, que significa afortunada. "Receberás então um novo nome, determinado pela boca do Senhor. E tu serás uma esplêndida coroa na mão do Senhor, um diadema real entre as mãos do teu Deus"(Is 62:2-3). Anos mais tarde Bakhita recebeu no Batismo o nome de Josefina.

Uma Santa vendida e revendida
A vida de Bakhita foi marcada por um indescritível sofrimento emocional, moral e físico. Após o rapto, ela foi vendida e revendida nos mercados de escravos de El Obeidh e Cartum. Na capital do Sudão, Bakhita foi comprada - sim, comprada - pelo cônsul italiano, Callisto Legnani. Bakhita ficou surpresa por seu novo proprietário não usar o chicote ao dar ordens, ele a tratava com gentileza e carinho. Quando a situação política obrigou-o a voltar para a Itália, ele levou Bakhita(...)

A Madre Morena
No dia 8 de dezembro de 1896 se consagrou a Deus para sempre como Irmã de Caridade Canossiana, tornando-se Madre Josefina. Era chamada carinhosamente de Madre Morena. Filha de Deus, Esposa de Cristo, Mãe dos pequenos e dos pobres, Bakhita se tornou inteiramente a mulher consagrada: livre, amada, fértil, plenamente realizada. "Não mais serás chamada a desamparada, nem tua terra, a abandonada; serás chamada: minha preferida, e tua terra: a desposada, porque o Senhor se comprazerá em ti e tua terra terá um esposo"(Is 62:4).

Nem um traço de amargura
Madre Josefina Bakhita serviu seu Mestre por quase 50 anos. A Oração Coleta fala de como seguiu Jesus, o Senhor crucificado, com amor incessante. Na caridade, diz, ela perseverou em uma misericórdia sempre disponível. Este é o milagre de Santa Bakhita. Não havia nela nem um traço de amargura. Os aviltamentos cruéis e os indizíveis ultrajes morais sofridos como escrava, embora nunca esquecidos, não tinham domínio sobre ela. Ela, a quem os homens recusaram a misericórdia perseverou até o fim um sua misericórdia disponível para os outros. Ela não era uma prisioneira de seu passado. Nós, que somos tantas vezes prisioneiros do passado, incapazes de relevar, incapazes de perdoar, incapazes de superar antigasmágoas, fazemos bem em buscar hoje sua intercessão.

Libertada pelo amor
Olhar para o futuro não significa esquecer o passado, significa transfigurá-lo. Significa relê-lo com olhos de misericórdia, à luz da fé. Não precisamos ficar escravos de nossas próprias histórias, acorrentados às coisas más, às coisas dolorosas, às coisas injustas que aconteceram há dez, vinte, trinta, quarenta, cinqüenta ou setenta e cinco anos. Há um outro caminho: o caminho dos que foram libertados pelo amor.

Duas malas
Já avançada em anos, Madre Bakhita costumava sorrir e dizer: "Viajo devagar, um passo de cada vez, porque eu estou carregando duas malas grandes. Uma delas contém os meus pecados e na outra, que é muito mais pesada, estão os méritos infinitos de Jesus. Quando eu chegar ao céu abrirei as malas e direi a Deus: Pai Eterno, você pode julgar agora. E a São Pedro: Feche a porta, porque eu vou ficar"

Minha Mãe
Em sua agonia final Bakhita reviveu os horrores de sua escravidão. "Solte as correntes", disse ela para sua enfermeira, "são tão pesadas​​." A própria Mãe de Deus veio para soltar as correntes. Bakhita morreu sorrindo, dizendo, Minha Mãe, Minha Mãe. Era 8 de fevereiro de 1947.
tradução e negrito Missa aos domingos

(...após alguns minutos de silêncio...) Esse meditação tem uma conexão natural com o post de ontem: Inventar a Missa afro ou aprender com a África? Então vou concluir da mesma forma: obrigado, irmãos africanos! E rezem por nós.

PS. Prefiro posts curtos, mas para essas meditações abro exceções
PS2. Conhece algum padre sem inspiração para o sermão de depois de amanhã? Fique a vontade para lhe passar o link e peça que agradeça a Dom Mark Kirby. E se ele perguntar quem é, peça que leia este post.

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