quarta-feira, 28 de março de 2012

A linguagem da celebração litúrgica, pelo Mestre

O Mestre auxiliando o Papa
Mons. Guido Marini é o Mestre das Cerimônias Litúrgicas Pontifícias, ou seja, em termos de liturgia ele é o cara. 

No último sábado, deu a palestra inaugural de um curso sobre Ars celebrandi, intitulada "A linguagem da celebração litúrgica", publicada em português no site do Vaticano. Caso você não queira ler a íntegra, o que seria uma pena, seguem algum trechos (negritos meus):

Não é possível começar um curso sobre a ars celebrandi, abordando a temática da linguagem da celebração litúrgica, sem evocar no pensamento a famosa citação da exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum caritatis, de Bento XVI: «Igualmente importante para uma correcta ars celebrandi, arte da celebração, é a atenção a todas as formas de linguagem previstas pela liturgia: palavra e canto, gestos e silêncios, movimento do corpo, cores litúrgicas dos paramentos(...). A simplicidade dos gestos e a sobriedade dos sinais, situados na ordem e nos momentos previstos, comunicam e aliciam mais do que o artificialismo de adições inoportunas. A atenção e a obediência à estrutura própria do rito, ao mesmo tempo que exprimem a consciência do carácter de dom da Eucaristia, manifestam a vontade que o ministro tem de acolher, com dócil gratidão, esse dom inefável» (n. 40)
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A presença misteriosa e real de Cristo na liturgia e o seu ser protagonista no rito celebrado exige da linguagem litúrgica o esplendor da nobre simplicidade, segundo a célebre afirmação do Concílio Vaticano II (cf. Sacrosanctum concilium, 34). Falei sobre o «esplendor da nobre simplicidade», porque esta é a expressão completa utilizada pelos Padres conciliares. (...) estão distantes da verdade aquelas insistências acentuadas em evocar uma determinada simplicidade que, por vezes, induziram a tornar o rito litúrgico aproximativo, banal, maçante e até insignificante. Trata-se de um modo de entender a simplicidade não fundamentado no ensinamento da Igreja e na sua grandiosa tradição litúrgica. Para não dizer que, em algumas ocasiões, tal modo de considerar a nobre simplicidade se traduz naquela que poderíamos definir uma nova complexidade pouco nobre (...) quando a liturgia se torna teatro de ideias subjectivas e extemporâneas, com a inserção de símbolos desprovidos de um significado autêntico...
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da essência da liturgia faz parte o fato de que ela contém em si antes de tudo a característica da catolicidade, onde unidade e variedade se compõem em harmonia, a ponto de formarem uma realidade substancialmente unitária, não obstante a legítima diversidade das várias formas. E além disso, a característica da não-arbitrariedade, que evita confiar à subjectividade do indivíduo ou do grupo aquilo que, ao contrário, pertence a todos como um tesouro recebido, que deve ser conservado e transmitido. E ainda a característica da continuidade histórica, em virtude da qual o desenvolvimento desejável se parece com o de um organismo vivo que não renega o próprio passado, atravessando o presente e orientando-se para o futuro.
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a participação consciente, concreta e frutuosa, na liturgia, verifica-se na medida em que cada um e todos compartilham o agir da Igreja, que tende ao Esposo e, portanto, deixemo-nos envolver pela obra do Esposo, que é sacrifício de amor ao Pai pela salvação do mundo.
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é indispensável suscitar um renovado amor por aquilo que é objectivo, uma adesão convicta e ministerial ao rito, a ser entendido não como aspecto coercitivo da expressividade mas, pelo contrário, como uma condição indispensável para uma expressividade autêntica e verdadeiramente comunicativa do mistério de Cristo, celebrado na Igreja.

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