sexta-feira, 16 de março de 2012

O padre não está falando para as pessoas erradas?

Igreja cheia numa Missa de domingo. O celebrante se empolga no sermão, faz cobranças duras e aponta com franqueza as falhas e os pecados dos assistentes. Alguém comenta depois: "Nós que procuramos ser bons cristãos e assistir Missa aos domingos não deveríamos ser tratados dessa forma. O padre tinha é que falar assim com quem não estava na igreja!"

O queixoso tem sua dose de razão. O fato é que, de cada 100 católicos, mais de 90 não tomam conhecimento do que acontece na igreja aos domingos: da Missa, do sermão, de nada...

É lógico que o padre tem que falar para os presentes, não para os ausentes. Porém cabem duas interrogações:
  1. Será que parte dos ausentes não se motivaria a ir à igreja se a liturgia, o sermão, etc. tivessem outro apelo?
  2. Os presentes estão sendo devidamente motivados a tentar aproximar os ausentes?
A língua inglesa tem uma expressão interessante: pescar num barril. Há o risco de que o padre e os frequentadores da paróquia estejam se satisfazendo apenas com uma pescaria no barril (uma ação entre amigos, com todos satisfeitos), mas estejam ignorando que a grande maioria está ausente.

Um comentário:

  1. : O relativismo e o mundanismo atual se infiltraram na Igreja sob vários disfarces. Aqui está a instrução do S. Padre Bento XVI proveniente do "Domenica Coena", do S Padre e Beato João Paulo II, de 24/02/1980, de como devem ser celebradas e participadas as santas Missas, em ambiente silente e em espírito de recolhimento interior para o devido aproveitamento espiritual, jamais se transformando em shows emotivos, com palmas, aplausos ou acontecimentos profanos, verdadeiras cópias de "auês" religiosos de seitas evangélicas, (nas quais há tantos gritos que se imaginaria templo de Baal...) como se aficácia dependesse da comunidade ou de estímulos externos, como pretendem alguns católicos alienados na fé: ir a uma missa animada...cheia de situações atraentes... um cantor e orquestra lindos... que "missa boa" do padre fulano, choro de emoção... a do outro padre, nem me falem...um sepulcro! Vejam:
    “A liturgia não é um show, um espetáculo que necessite de diretores geniais e de atores de talento. A liturgia não vive de surpresas simpáticas, de invenções cativantes, mas de repetições solenes. Não deve exprimir a atualidade e o seu efêmero, mas o mistério do Sagrado. Muitos pensaram e disseram que a liturgia deve ser feita por toda comunidade para ser realmente sua. É um modo de ver que levou a avaliar o seu sucesso em termos de eficácia espetacular, de entretenimento. Desse modo, porém , terminou por dispersar o propium litúrgico que não deriva daquilo que nós fazemos, mas, do fato que acontece. Algo que nós todos juntos não podemos, de modo algum, fazer. Na liturgia age uma força, um poder que nem mesmo a Igreja inteira pode atribuir-se : o que nela se manifesta é o absolutamente Outro que, através da comunidade chega até nós. Isto é, surgiu a impressão de que só haveria uma participação ativa onde houvesse uma atividade externa verificável : discursos, palavras, cantos, homilias, leituras, apertos de mão… Mas ficou no esquecimento que o Concílio inclui na actuosa participatio também o silêncio, que permite uma participação realmente profunda, pessoal, possibilitando a escuta interior da Palavra do Senhor. Ora desse silêncio, em certos ritos, não sobrou nenhum vestígio.

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