terça-feira, 20 de março de 2012

Os leigos viraram padres e os padres se secularizaram


O Cardeal Aridanus Simonis, arcebispo emérito de Utrecht, Holanda, deu uma interessante entrevista na semana passada. Seguem trechos:


A Igreja holandesa não viveu com tranquilidade o pós-concilio: houve polêmicas sobre o catecismo e outras controvérsias. Aos cinquenta anos desse evento, qual é a situação atual?

R. A situação da Igreja holandesa depois do Concílio é muito difícil de ser descrita. Naquela época, tínhamos uma polarização de duas facções. Praticamente havia duas igrejas em uma. Uma delas era muito radical e queria mudar tudo, mas tinha a fé fraca. Agora essa polarização acabou mas, como consequência, muitos perderam a fé e abandonaram a Igreja. De modo geral se pode dizer que atualmente impera o indiferentismo”(...)

O que estava errado na interpretação do Concílio?

R. De fato: houve uma interpretação errônea do Concílio. Não leram os documentos e se limitaram a argumentar com base no chamado "espírito do Concílio", ou seja: vale tudo, tudo pode mudar.

Talvez também uma interpretação equivocada do papel dos leigos na Igreja?

R. De fato. Como resultado, os leigos tornaram-se mais ou menos sacerdotes e os sacerdotes se secularizaram.

Estamos na Quaresma. Em Roma chamam a atenção para a Confissão e a Eucaristia. Qual é a situação na Holanda e em que direção se está caminhando?

Há quarenta anos a confissão está completamente perdida, e sabe por quê? Porque os holandeses não pecam! No sentido de que já não sabem o que é o pecado. O conceito de pecado está ligado à consciência de Deus: quando não se acredita num Deus pessoal, não se pensa mais no pecado. Nosso país está cheio de pessoas que acreditam numa entidade abstrata, que existe alguma coisa, mas não um Deus pessoal. Por isso pensam que não pecam (...)

Uma reflexão pessoal sobre sua vida como sacerdote, arcebispo e cardeal. O que pode dizer às gerações mais jovens e aos estudantes dos seminários?

R. Digo-lhes que aprendam a pensar, a refletir. E então rezem, rezem, rezem. A oração é importantíssima, é e deve ser o fundamento da vida humana, mas na Holanda não rezam, porque não acreditam em um Deus pessoal, mas apenas em uma entidade vaga.

tradução e negritos: Missa aos domingos

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